quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Mamãe não quer que eu case com ela. E agora?


Todo mundo sabe que para a maioria das mães, nunca, nenhuma moça é boa o suficiente para se casar com seu querido príncipe, a quem ela chama de filho. Mas será que vale a pena brigar com a mãe por causa de uma garota? Ou será que sua mãe está sempre certa?
 
Já temos falado aqui várias vezes sobre o casamento de Isaque e Rebeca, com o surgimento do primeiro casamenteiro (em hebraico Shadchan) e também já abordamos a relação de amor sincero entre Rute, a moabita e Noemi, sua sogra. Agora vamos ver um pouquinho mais sobre mães, filhos e quem sabe, futuras noras.
 
Bem, Isaque se casou com Rebeca e depois de vinte anos de casamento, ela finalmente engravidou e eles tiveram dois lindos filhinhos, que apesar de não serem nada parecidos um com o outro, eram gêmeos, e receberam o nome de Esaú e Jacó.
 
Enfim, eles cresceram e as diferenças entre eles foram se acentuando com o passar dos anos, e Rebeca amava mais o filho Jacó, enquanto Esaú era mais amado por seu pai, Isaque. Já começa que isso é um erro, mas que agora não vem ao caso. Ambos os rapazes chegaram à idade adulta e Esaú se casou primeiro. Vejamos que desastre:
 
“Sendo Esaú da idade de quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha de Beeri, heteu e a Basemate, filha de Elom, heteu. E estas foram para Isaque e Rebeca uma amargura de espírito.” (Gn 26:34,35)
 
Você até pode dizer que para Rebeca, tanto faz, ela não iria gostar de qualquer nora mesmo, já que preferia Jacó a Esaú, mas isso não é bem verdade. Toda mãe gostaria que seu filho encontrasse uma boa esposa, e Rebeca não era diferente. Além disso, o próprio pai Isaque tinha como AMARGURA DE ESPÍRITO as suas duas noras.
 
Imagine você, rapaz, se casando e observar que seus pais não estão felizes com sua escolha. Você pode até pensar que isso é só até você casar, é ciúmes de mãe (normalmente sua namorada o fará pensar assim) mas acredite, isso será prejudicial ao seu casamento.
Primeiro, pense: “Porque minha futura esposa me faz acreditar que é "ciúmes da minha mãe" e ela não trabalha para conquistar a futura sogra?”
Segundo, pense: “Se elas não conseguem ter um bom relacionamento enquanto namoramos, seria possível ter bom relacionamento depois que nos casarmos?”
Terceiro, pense: “Depois que eu me casar, meus pais terão prazer em nos visitar, talvez jantar em nossa casa? Ou eu terei a companhia da minha esposa quando eu quiser visitar meus pais? Será que ela viajaria comigo para passar alguns (bons) na casa de meus pais?”
 
Essas perguntas não são de respostas fáceis, pois quando estamos namorando, tendemos a minimizar os problemas, mas depois do casamento, eles se maximizam.
 
Fato é que as duas esposas de Esaú, ambas da descendência de Hete, foram amarguras para a mãe e o pai dele. Mais tarde, quando Rebeca viu que seu amado filho Jacó iria embora e se casaria, ela, conversando com o marido Isaque, disse:
 
“Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar mulher das filhas de Hete, como estas são das filhas desta terra, de que me servirá a vida?”
 
O casamenteiro te ajuda a encontrar uma pessoa para ser seu (sua) companhia para o resto da vida, mas a opinião de seus pais também conta. Por isso, Eliezer ouviu as instruções de Abraão, quando foi buscar uma esposa para Isaque.
 
O casamenteiro deve ouvir a opinião dos pais também, procurar conhecer o que o jovem quer pra sua vida, mas também, na medida do possível, saber o que os pais esperam para o filho ou a filha, e todos devem acreditar que os pais querem o bem dos filhos, afinal, foram eles quem te deram a vida.
 
Casar é bom, mas o seu casamento não deve ser uma fonte inesgotável de amargura para seus pais. Nem tampouco para seus sogros. O ideal é que os pais participem de alguma forma da escolha dos filhos. Se você consulta seus pais na hora de escolher um curso, uma faculdade, um carro, porque não consultar os pais na hora da escolha mais importante de sua vida?
 
Queira ter um casamento onde seus pais (e sogros) sejam sempre bem-vindos em sua casa, e que eles se sintam bem, e que sejam todos respeitados, pais, sogros, nora, genro, netos...
 
Um passo simples para isso é observar se seu futuro cônjuge procura ter uma boa relação, cumprimenta, conversa, dá atenção desde o começo do compromisso aos futuros sogros. Isso é importante! Vocês terão a vida inteira pra estarem juntos, e não custa nada gastar um pouco de tempo com aqueles que foram responsáveis por vocês existirem.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Com quem não casar!

 
Se a escolha da pessoa com quem vamos nos casar é difícil, que tal começar por eliminar aquelas pessoas com quem absolutamente NÃO vamos nos casar? Isso já ajuda a acabar com algumas dúvidas na cabeça.
 
Já anteriormente postei aqui que, quando Abraão mandou o seu servo buscar uma esposa para Isaque, ele só estabeu uma condição: Não seja das mulheres de onde eles viviam, mas que fosse buscar entre "seus parentes". Aqui se estabelece um princípio importante. As pessoas podem conviver com diferentes culturas na mesma cidade, mas não dá pra viverem em perfeita harmonia dentro do mesmo lar.
 
Hoje o ecumenismo está em alta, a tolerância religiosa, o respeito às demais religiões, etc... e tudo isso é muito bonito, a aceitação de que nem todo mundo vai crer no mesmo D-us, seguir os mesmos princípios, mas isso é absolutamente diferente de “união”.
 
Se você der uma leve olhada na foto acima não vai perceber nada de “estranho” mas se atentar um pouco vai começar a ficar confuso. Que tipo de casamento é esse?
- Ah! é judaico, o noivo está de kipah, estão debaixo de uma chupah. Será?
- É catolico, com certeza, pois o local da cerimônia é uma igreja cheia de cruzes, e o oficiante parece ser um padre.
Se é judaico, porque um padre? Se é católico, será que o rapaz fez primeira comunhão? E porque num casamento católico, os convidados usariam kipah?
 
Isso é o que acontece quando o casamento (não apenas a cerimônia) ocorre entre pessoas de culturas, religiões tão diferentes. E porque casaram? Porque se apaixonaram! E paixão é diferente de amor, e essas diferenças só começarão a se revelar quando surgirem os primeiros conflitos de interesse. Mas quais seriam estes conflitos?
 
Bom, já começa por:
- Onde nos casaremos? numa sinagoga ou numa igreja? Ah, isso é fácil, nem num e nem noutro, vamos nos casar num restaurante!
- Que tipo de cerimônia? Judaica ou cristã? Bom, que tal ecumênica?
Isso tudo é simples, até casar, até virem os filhos...
- Nosso filho vai ser batizado ou vai fazer circuncisão? Primeira comunhão ou Bar Mitsvah? Nossa filha vai aprender a acender as velas de shabat, ou vai na missa do domingo pela manhã? Ou no culto?
- Quando a familia de um dos cônjuges for visitar, será comida kosher, ou faremos um leitão assado? Enfim, são inumeras as dúvidas, os problemas... mas o que a Torah, ou a bíblia dizem?
 
 
Dt 7: 2-4: “não farás com elas aliança, nem terás piedade delas; nem contrairás matrimônio com os filhos dessas nações; não darás tuas filhas a seus filhos, nem tomarás suas filhas para teus filhos;pois elas fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do SENHOR se acenderia contra vós outros e depressa vos destruiria.”
 
Essa foi uma ordem do Eterno aos filhos de Israel, assim que eles se aproximavam das cidades de outros povos. Mas aí alguém dirá: "nossos filhos aprenderão o caminho da tolerância, da liberdade e do respeito." Será mesmo?
Vale a pena desobedecer a um mandamento do Eterno, em nome da "Tolerância"? Vamos ver exemplos bíblicos...
 
Josué dizia: “se de alguma maneira vos apartardes (do Eterno) e vos achegardes ao resto das nações, e com elas vos aparentardes, e vós a elas entrardes, e elas a vós, sabei, certamente, que o Senhor, vosso Deus, não continuará mais a expelir estas nações de diante de vós, mas vos serão por laço, e rede, e açoites às vossas costas, e espinhos aos vossos olhos, até que pereçais...” (Js 23:12,13)
 
O Eterno, Moisés, Josué diziam que isso seria perigoso, seria um laço, para te fazer afastar de Deus, e você ainda acha que não precisa seguir um conselho deles? Acha que você é sábio e vai conduzir seu casamento de modo a não se afastar do Eterno? Então vamos ao mais sábio de todos os homens...
 
1 Rs 11:1-9 - “E o rei Salomão amou muitas mulheres estranhas, e isso além da filha de Faraó, moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias... a estas se uniu Salomão com amor... e suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses, e seu coração já não era perfeito para com o Senhor, seu Deus, como o coração de Davi, seu pai... Assim fez Salomão o que era mau perante os olhos do Senhor e não perseverou em seguir ao Senhor, como Davi, seu pai. E edificou Salomão um alto a Quemos, a abominação dos moabitas, SOBRE O MONTE QUE ESTÁ DIANTE DE JERUSALÉM, e a Moloque, abominação dos filhos de Amon. E assim fez para com TODAS as suas mulheres ESTRANGEIRAS, as quais queimavam incenso e sacrificavam a seus deuses.”
 
Ah, mas o erro de Salomão foi porque ele tinha muitas mulheres... se fosse uma só não teria problemas. Errado! Lembre-se de Sansão e Dalila, já ouviu a história deles? A mulher tem o poder de manipular o coração do marido para a agradar. Mas vamos ver outro exemplo, de homens do povo.
 
Veja o que fez Neemias aos homens de Israel, que durante o cativeiro se misturaram com mulheres de outros povos. E veja a consequência sobre os filhos:
Ne 13:23-27 - “Vi também, naqueles dias, judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas. E seus filhos falavam meio asdodita e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo. E contendi com eles, e os amaldiçoei, e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos. Porventura, não pecou nisso Salomão, rei de Israel, não havendo entre muitas nações rei semelhante a ele, e sendo amado de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? E, contudo, as mulheres estranhas o fizeram pecar. E dar-vos-íamos nós ouvidos, para fazermos todo este grande mal, prevaricando contra o nosso Deus, casando com mulheres estranhas?”
 
Não é porque nos achamos melhores, é porque D-us não permite. Não é porque não tem pessoas na kehilah pra se casar contigo. Tem sim! É preciso encontrar a pessoa certa.
Não é porque você vai "saber" conduzir o lar, é porque seus filhos não saberão "que língua falar"
 
 
Mesmo que você não saiba com que vai se casar, por ora, o importante é saber COM QUEM NÃO SE CASAR! Acredite, a pessoa certa vai surgir, no momento certo, colocado por D-us. Não se precipite, isso pode causar um grande arrependimento no futuro.

 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Rebeca e a tenda da sogra


Quando se casaram, a bíblia diz que Isaque entrou com Rebeca na tenda de Sarah, sua amada mãe, que havia falecido. E o texto bíblico diz: “Assim, Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe.” Que significado e lições podemos extrair disso?
 
Bom, em primeiro lugar, as próprias mulheres percebem que o homem possui uma certa dependência da mãe, e é assim desde que nasce. À medida que crescem, quando se machucam ou ficam doentes, os meninos correm pra mãe que acaba sarando as feridas, é a mãe quem dá o remédio na hora certa, é ela quem nos alimenta, quem cuida das roupas, etc... basta ver que, quando um garoto procura por uma camisa por exemplo, ele grita: “mãe, cadê minha camisa de tal cor?” E lá vem ela com a tal camisa... Isso se repete até a idade adulta. Mãe sempre acha tudo, faz tudo que o filho gosta, enfim, é a heroína do rapaz! Imagina quando esse "cordão umbilical" é cortado definitivamente! É um desespero só! Isso acontece quando a mãe morre ou... quando o rapaz se casa!
 
Rebeca foi uma mulher prudente e sábia. Ela poderia bem ter questionado: “tanta tenda pra gente ficar e você escolhe justo a da sua mãe?” Lembre-se que Isaque era rico!
 
Mais tarde, a tenda da mãe (ou outra tenda qualquer) acabou se transformando na tenda de Isaque e Rebeca. O que a jovem precisa entender é que ela PRECISA ter um bom relacionamento com a sua futura sogra; e não é só até casar não! Pelo bem de seu esposo, a jovem precisa se esforçar por ser uma boa nora, afinal, ela "roubou" o queridinho da mamãe.
 
Quando a jovem é prudente, ela saberá tirar proveito de seu bom relacionamento com a sogra. Quer exemplos? É com a sogra que ela vai aprender que tipo de comida o seu futuro marido aprecia; como ele gosta das roupas, as manias dele, etc... e a jovem que se acha segura demais, quer logo é que ele se distancie de sua mãe; faz questão de mostrar que em tudo ela é diferente da sogra. Nisso ela faz errado!
 
O homem eventualmente tenta dar dicas para a esposa, mas isso acaba se tornando prejudicial, por conta da reação da esposa. Quando ele diz: “querida, você pode fazer meu prato e trazer pra mim?” A mulher logo responde: "Tá pensando que eu sou tua mãe?" Quando ele diz: “minha mãe cuidava das minhas roupas de tal forma...” ele logo escuta: “pois é, ela fazia assim, mas eu faço de tal maneira; agora você é MEU marido, e vai ter que se acostumar com o meu jeito de fazer tudo.” ERRADO!
 
É comum escutarmos as mulheres dizerem algo como: “homem nunca cresce, nunca amadurece, é sempre um meninão.” E em parte é verdade, homens, como meninos, precisam de alguém que cuide deles. De preferência, como a mãe deles cuidava!
 
Meninas espertas se aproximam das sogras, aprendem humildemente como fazer para agradar o marido. O tipo de tempero, a quantidade de sal, como ele gosta das roupas. A sua sogra é a melhor fonte de informações, ela tem o "manual de instruções completo" de como agradar seu futuro marido. Use isso a seu favor!
 
Nunca fale mal da sogra, isso é pior do que falar mal do time que ele torce!
 
Quere um bom exemplo de relação entre nora e sogra? Rute, a moabita, que se casou com o filho de Noemi. Elas ficaram amigas, uma respeitava a outra. A tal ponto que, na infelicidade de ter perdido o marido, Rute ficou com sua sogra, cuidou dela na velhice, enquanto a outra nora, chamada Orfa, logo se despediu da sogra e nunca mais a viu.
 
Mesmo na amargura de Noemi, quando ela dizia: “Não me chamem mais de Noemi, mas de Mara, porque estou com grande amargura, e o Todo-Poderoso me tem afligido. Cheia parti, porém vazia o Senhor me fez tornar...” (Rt 1:20-21) Rute não a abandonou.
Quando sua sogra lamentar, sentindo a falta do filho que se casou e foi embora, entenda, aceite... quem sabe um dia será a sua vez? Imagine-se você, criando um filho com todo o carinho e de repente ele vai embora, com uma moça qualquer. Isso causa um vazio no coração da mãe. Entenda!
 
Rute cuidou da sogra, a alimentou, seguia seus conselhos, mesmo que a sogra já não tinha mais nada a lhe oferecer. Depois, Rute foi abençoada com um novo casamento, com um parente de Noemi, chamado Boaz.
 
Com o passar do tempo, ela ficou grávida, e quando o filho nasceu, veja o que a bíblia diz: “Noemi pegou o filho (de Rute) e o pôs no colo, e foi sua ama. E as vizinhas lhe deram um nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E chamaram o seu nome Obede.” (Rt 4:16,17)  Quantas mulheres seriam como Rute? Permitir que a sogra cuidasse do bebê, que dissessem que o filho era de Noemi? Que vizinhos escolhessem o nome do filho?  A maioria algo assim: “olha, o filho é meu, não de Noemi, e eu que escolho o nome...” Mas não, ela foi generosa, amou a sogra, permitiu que a sogra desfrutasse do "neto". 
 
Esse é o exemplo de relação sogra/nora. Compreenda que é assim que deve ser. Não uma disputa pra ver quem tem poder sobre o homem, mas as duas trabalhando juntas pelo bem do marido, para que ele seja feliz. Não por acaso, da descendência de Rute veio o Rei Davi, e depois o Mashiach de Israel. Pense nisso!
 
Para quem é casada, saiba que sempre é tempo de recomeçar uma boa relação com a sogra, em favor do seu próprio esposo!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Isaque, o noivo despreocupado


Uma das coisas mais impressionantes em toda a história do casamento de Isaque e Rebeca é o fato de que ele não estava preocupado com isso tudo.
 
Isaque era um bom jovem, tranquilo, a bíblia até mesmo fala pouco dele, e uma de suas principais características era o fato de ele não chamar a atenção para si em nenhum momento e a sua confiança em Deus.
 
Isaque não era briguento, nem quando seu irmão Ismael o afrontava, zombava dele. Como é bom encontrar pessoas pacíficas num mundo tão voltado à violência em que cada um faz questão de "exigir seus direitos" como hoje!
 
Isaque era um jovem submisso ao pai, basta ver Gn 22, no episódio onde Abraão o levou para ser sacrificado. Ele mesmo ajudou o pai a levar a lenha para o holocausto, mesmo sem entender onde estava o cordeiro que seria sacrificado. Depois, quando chegaram ao local do sacrifício, Isaque aceitou que seu pai o amarrasse e o deitasse sobre o altar. E aceitaria ser sacrificado, como um cordeiro, não fosse a intervenção do anjo do Eterno.
 
Com a morte de sua mãe, Sarah, o jovem ficou triste, e necessitava ser consolado, mas não encontramos nenhum lugar na bíblia em que ele tivesse ido a seu pai e reclamado, dizendo: "pai, preciso de uma esposa" ou "não dá mais pra ficar sem uma mulher, agora que minha mãe morreu, quem vai cuidar de mim?" Nada! Foi o pai quem se encarregou de falar ao servo que buscasse uma esposa para Isaque.
 
Já falamos muito sobre o casamenteiro e sobre Rebeca, mas onde estava o jovem (de quarenta anos) Isaque nesse história toda?
Lendo o texto de Gn 24:62,63 vemos: “Ora, Isaque vinha do caminho do poço de Laai-Roi,... e Isaque saíra a orar no campo, sobre a tarde; e levantou os olhos, e olhou, e eis que os camelos vinham”
 
Ele não aparecia na história, mas quando foi visto, ele estava ORANDO pela tarde.
Os nossos sábios do judaísmo atribuem a Isaque o ofício de Minchá (para quem não está familiarizado com o judaísmo, Minchá é a oração da tarde) que é o mais difícil de todos. Aqui uma breve pausa na história para explicar:
 
No judaísmo há três serviços devocionais principais:
- Shacharit (oficio da manhã) que é feito logo ao despertar. Atribuido ao patriarca Abraão.
- Minchá (ofício da tarde) e é atribuído a Isaque, que tinha o costume de orar pela tarde. Esse é considerado o oficio mais dificil, pois exige que paremos nossas atividades no meio do dia, para dedicar um tempo à oração. Diferente dos outros dois, que são feitos, ao acordar, e depois do por-do-sol, quando já se encerraram as atividades rotineiras.
- Arvit (ofício da noite) atribuído a Jacó, e realizado ao findar do dia.
 
Voltando à história, um bom casamento exige uma boa relação entre os cônjuges, mas um casamento melhor, exige também uma boa relação, de intimidade, com o Criador. Isso se alcança com oração e Isaque era um homem de oração.
 
O costume de Isaque em orar nada tem a ver com orar pra Deus lhe conceder uma boa esposa (embora essa seja uma boa coisa). Ele não estava desesperado em busca de um casamento. Normalmente quem se angustia, se desespera e casa com qualquer um que aparece pela sua frente, só pra não ficar solteiro ou "ficar para titia" acaba se casando mal e vai se arrepender depois.
 
Deve ter sido uma satisfação para a donzela, que na primeira vez que visse seu futuro marido, o visse orando. E isso foi involuntário! Nada de armação, para passar uma falsa imagem e impressionar a moça... como muitos fazem!
 
Perceba que ela, ao avistar um homem disse: “Quem é aquele varão que vem pelo campo ao nosso encontro?” E o servo disse: “Esse é o meu senhor.” 
 
O fato de Rebeca ter coberto o rosto, explicam nossos sábios, foi em sinal de recato.
 
A partir daí, o casamenteiro contou a Isaque tudo que havia ocorrido e o verso final desse capítulo conclui com a bonita frase: “E Isaque trouxe-a para a tenda e tomou a Rebeca e foi-lhe por mulher, e amou-a.”
 
Quem dera todas as boas jovens, boas donzelas, tivessem o privilégio de encontrar um bom esposo como Isaque, que tinha o excelente costume de rezar todas as tardes.
 
No próximo post, falaremos mais sobre o que significa o fato de Isaque ter trazido Rebeca para a tenda de sua mãe... aguardem!

E se ela não quiser?


Ainda falando sobre o primeiro casamenteiro bíblico, o damasceno Eliezer, que saiu a buscar uma esposa para Isaque, chegamos a um outro impasse (que por vezes é motivo de desconfiança e engano por parte dos jovens): Eu devo me casar com quem o casamenteiro escolher?
 
Vamos esclarecer de acordo com o texto bíblico, mas como já vimos anteriormente, o shadchan (casamenteiro) não sai indicando qualquer pessoa, apenas para que fulano se case. Seu trabalho é muito mais complexo, e ainda que cada um tenha seus diferentes métodos, algumas coisas são comuns, por exemplo, o fato de que o casamenteiro procura conhecer antes a pessoa, suas características, seus anseios, suas virtudes e defeitos, mesmo que de forma superficial. Uma vez passada a fase superficial, e verificada a possibilidade real, começam as conversas um pouco mais profundas, buscando uma confirmação, e aí sim, o novo casal estará mais preparado para assumir um compromisso de casamento com mais segurança.
 
Voltando ao tema, vejamos o que diz a Torah:
Gn 24:5 - “Disse-lhe o servo (shadchan): Porventura, não quererá seguir-me a mulher a esta terra...” e aí veio a resposta de Abraão.
Gn 24:8 - “Se a mulher, porém, não quiser seguir-te, serás livre deste meu juramento.”
 
Depois de ter ido à terra dos parentes de Abraão, haver encontrado Rebeca, seu trabalho não estava finalizado. Eliezer, o casamenteiro, foi apresentado à família, e prontamente recebido por Labão, o irmão de Rebeca, que ficou boquiaberto ao ver as pulseiras e presentes que Rebeca já havia recebido do casamenteiro.
 
Observe que o casamenteiro tem seus objetivos, não fica se distraindo com coisas alheias a seu objetivo. Quando puseram à mesa coisas para ele comer, Eliezer disse: "Não comerei, até que tenha dito as minhas palavras.” (Gn 24:33)
Esse é um bom exemplo, que serve em todas as situaões da vida. Há tempo para bate-papo, distrações, mas há coisas mais importantes, e primordialmente devemos buscar cumprir nossos objetivos.
 
Depois de contar tudo que ocorrera, o shadchan lhes dá as opções: Sim ou não!
Gn 24: 49-51 - “Agora, pois, se vós haveis de mostrar beneficência e verdade a meu senhor, fazei-me saber; e, se não, também me fazei saber,... então, responderam Labão e Betuel e disseram: Do Senhor procedeu este negócio; não podemos falar-te mal ou bem. Eis que Rebeca está diante da tua face, toma-a e vai-te; seja a mulher do filho do teu senhor, como tem dito o Senhor.”
 
Agora que já vimos que a família da moça consentiu no casamento entre Rebeca e Isaque,  vamos voltar um pouco e observar que há nessa história toda detalhes importantíssimos e que não devem ser ignorados.
 
Rebeca estava sozinha quando o casamenteiro lhe apareceu, e como vimos, ela havia sido generosa com ele, mas a seguir, perceba o que diz a Torah:
Gn 24:28 - “E a donzela correu e fez saber estas coisas na casa de sua mãe.”
 
As atitudes de uma jovem fala muito de quem ela é; Rebeca não tinha o que esconder, não iria namorar escondido, não iria afrontar sua família.
Jovens que falam coisas como: "se eu pedir meus pais não irão deixar mesmo, então faço escondido;" ou "eu sei me virar sozinha, não vou aprontar nada de errado, e tenho o direito de escolher meus caminhos sozinha"  demonstram uma atitude de insubmissão, e certamente seguirão com esse costume no casamento, e mais tarde se verão dizendo: "" não vou falar sobre isso com meu marido, sei que ele não vai concordar."
 
Mas voltando ao assunto do direito de escolha; uma vez tendo a familia dela consentido no casamento, ela também teria sua oportunidade de dizer sim ou não, embora já tivesse ficado evidente que ela aceitaria se casar, uma vez que já havia aceitado os presentes.
 
Gn 24:57,58 - “Chamemos a donzela e perguntemo-lho. E chamaram Rebeca e disseram-lhe: Irás tu com este varão? Ela respondeu: Irei.”
 
Portanto jovem, não se acanhe em procurar o casamenteiro e esperar que ele lhe indique a pessoa ideal para se casar contigo. Embora o shadchan tenha buscado e acredite que encontrou a pessoa que te fará mais feliz, você poderá dizer que não quer essa pessoa.
Por muitas razões um jovem pode não querer, entretanto, deve ter em mente que não é a aparência o fundamental... Quando um shadchan indica alguém e o (a) jovem logo de cara diz não, fica evidente que julgou apenas pela aparência exterior, o que não é bom, nem correto. Ainda assim, você tem o direito de dizer não.
 
Para concluir este post, em que abordamos o consentimento da familia e o da pessoa, vemos que está escrito: “E abençoaram Rebeca e disseram: Ó nossa irmã, sejas tu em milhares de milhares, e que a tua semente possua a porta dos teus aborrecedores.” (Gn 24:60) Não há nada melhor para um jovem do que sair da casa dos pais para se casar, mas levando consigo a bênção da familia. Rebeca teve isso! Ela escolheu isso, ao falar com seus familiares!
 
Então, sem medo, confie no casamenteiro, e permita que o Eterno lhe traga um bom casamento. Se quiser falar comigo, ou sugerir qualquer tema para ser abordado aqui, clique abaixo, em "comment" ou mande-me um e-mail felp_junqueira@hotmail.com