quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Isaque, o noivo despreocupado


Uma das coisas mais impressionantes em toda a história do casamento de Isaque e Rebeca é o fato de que ele não estava preocupado com isso tudo.
 
Isaque era um bom jovem, tranquilo, a bíblia até mesmo fala pouco dele, e uma de suas principais características era o fato de ele não chamar a atenção para si em nenhum momento e a sua confiança em Deus.
 
Isaque não era briguento, nem quando seu irmão Ismael o afrontava, zombava dele. Como é bom encontrar pessoas pacíficas num mundo tão voltado à violência em que cada um faz questão de "exigir seus direitos" como hoje!
 
Isaque era um jovem submisso ao pai, basta ver Gn 22, no episódio onde Abraão o levou para ser sacrificado. Ele mesmo ajudou o pai a levar a lenha para o holocausto, mesmo sem entender onde estava o cordeiro que seria sacrificado. Depois, quando chegaram ao local do sacrifício, Isaque aceitou que seu pai o amarrasse e o deitasse sobre o altar. E aceitaria ser sacrificado, como um cordeiro, não fosse a intervenção do anjo do Eterno.
 
Com a morte de sua mãe, Sarah, o jovem ficou triste, e necessitava ser consolado, mas não encontramos nenhum lugar na bíblia em que ele tivesse ido a seu pai e reclamado, dizendo: "pai, preciso de uma esposa" ou "não dá mais pra ficar sem uma mulher, agora que minha mãe morreu, quem vai cuidar de mim?" Nada! Foi o pai quem se encarregou de falar ao servo que buscasse uma esposa para Isaque.
 
Já falamos muito sobre o casamenteiro e sobre Rebeca, mas onde estava o jovem (de quarenta anos) Isaque nesse história toda?
Lendo o texto de Gn 24:62,63 vemos: “Ora, Isaque vinha do caminho do poço de Laai-Roi,... e Isaque saíra a orar no campo, sobre a tarde; e levantou os olhos, e olhou, e eis que os camelos vinham”
 
Ele não aparecia na história, mas quando foi visto, ele estava ORANDO pela tarde.
Os nossos sábios do judaísmo atribuem a Isaque o ofício de Minchá (para quem não está familiarizado com o judaísmo, Minchá é a oração da tarde) que é o mais difícil de todos. Aqui uma breve pausa na história para explicar:
 
No judaísmo há três serviços devocionais principais:
- Shacharit (oficio da manhã) que é feito logo ao despertar. Atribuido ao patriarca Abraão.
- Minchá (ofício da tarde) e é atribuído a Isaque, que tinha o costume de orar pela tarde. Esse é considerado o oficio mais dificil, pois exige que paremos nossas atividades no meio do dia, para dedicar um tempo à oração. Diferente dos outros dois, que são feitos, ao acordar, e depois do por-do-sol, quando já se encerraram as atividades rotineiras.
- Arvit (ofício da noite) atribuído a Jacó, e realizado ao findar do dia.
 
Voltando à história, um bom casamento exige uma boa relação entre os cônjuges, mas um casamento melhor, exige também uma boa relação, de intimidade, com o Criador. Isso se alcança com oração e Isaque era um homem de oração.
 
O costume de Isaque em orar nada tem a ver com orar pra Deus lhe conceder uma boa esposa (embora essa seja uma boa coisa). Ele não estava desesperado em busca de um casamento. Normalmente quem se angustia, se desespera e casa com qualquer um que aparece pela sua frente, só pra não ficar solteiro ou "ficar para titia" acaba se casando mal e vai se arrepender depois.
 
Deve ter sido uma satisfação para a donzela, que na primeira vez que visse seu futuro marido, o visse orando. E isso foi involuntário! Nada de armação, para passar uma falsa imagem e impressionar a moça... como muitos fazem!
 
Perceba que ela, ao avistar um homem disse: “Quem é aquele varão que vem pelo campo ao nosso encontro?” E o servo disse: “Esse é o meu senhor.” 
 
O fato de Rebeca ter coberto o rosto, explicam nossos sábios, foi em sinal de recato.
 
A partir daí, o casamenteiro contou a Isaque tudo que havia ocorrido e o verso final desse capítulo conclui com a bonita frase: “E Isaque trouxe-a para a tenda e tomou a Rebeca e foi-lhe por mulher, e amou-a.”
 
Quem dera todas as boas jovens, boas donzelas, tivessem o privilégio de encontrar um bom esposo como Isaque, que tinha o excelente costume de rezar todas as tardes.
 
No próximo post, falaremos mais sobre o que significa o fato de Isaque ter trazido Rebeca para a tenda de sua mãe... aguardem!

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